Campina Verde - Árvores derrubadas. Além das trapalhadas ...e a consciência ambiental?
Infelizmente é lamentável o
péssimo tratamento dado ás questões relacionadas à Preservação Ambiental, que
nós moradores da cidade de Campina Verde temos visto ao longo desses últimos
anos. Estamos a concluir que não existe nenhuma fiscalização e responsabilidade
ambiental de vários órgãos públicos, principalmente da prefeitura, através dos
setores competentes que além de não fiscalizar dá o mau exemplo, descartando diversas
árvores aleatoriamente, aleatoriamente porque, de acordo com informações, não
existe sequer um laudo elaborado para justificar tais ações.
Na correria do dia a dia quase
não observamos o que está nítido aos nossos olhos. A referência se baseia nas
árvores que estão plantadas nas ruas do município – POR ENQUANTO – contribuindo
significativamente para melhoria do ar que respiramos e proporcionando ainda
tantos outros benefícios, como sombra fresca.
POR ENQUANTO, a maioria ainda
pode ser encontrada nas vias públicas. Mas, ao trafegarmos pela cidade notamos
que aos poucos elas vão sumindo. Nem precisaria lembrar várias árvores que
foram cortadas ao longo da Avenida 11.
Não bastassem esses crimes
ambientais cotidianos, nos últimos dias a população de Campina Verde foi
surpreendida por uma derrubada de 26 árvores em torno de um imóvel localizado no
quarteirão circundado pela Avenida 19, Rua 16 e Praça da Capela. Procuramos
informações sobre a licença para a derrubada, deparamos com um documento
expedido pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF).
Após isso, começamos uma
maratona com o objetivo de verificar o procedimento. O presidente do CODEMA no
município, Amiraldo Teixeira dos Santos nos forneceu um documento expedido em
julho de 2011, destinado ao requerente com a seguinte avaliação: “Retirar 02
árvores com a saúde comprometida, apresentando galhos secos, o proprietário se
responsabiliza em plantar 02 árvores em reposição as retiradas. As demais árvores
existentes no passeio em torno do prédio da Creche Divino Pai Eterno,
encontra-se com perfeito estado de saúde, não foi encontrado danos no passeio
provocado pelas mesmas e nem em murro e paredes, portanto a decisão da equipe
formada pelo Superintendente da Prefeitura Municipal de Campina Verde, Marino,
do Presidente do CODEMA, Dr. Amiraldo e dos agrônomos da EMATER, André e
Wellington é que seja feito apenas a poda das mesmas em uma altura de 3 metros”,
diz o documento.
Ora, se o CODEMA não
autorizou, por que o IEF deu a autorização? Sim, porque de acordo com o
entendimento de legisladores, quem possui competência para autorizar o corte de
uma árvore situada em área urbana é sempre o órgão ambiental municipal, o qual
deverá ser procurado.
Entretanto, a competência do
órgão ambiental municipal ainda é determinada pelo interesse predominantemente
local nos casos de árvore situada em área urbana, conforme estabelece a
Constituição Federal em seu artigo 30, I e II e o Código Florestal, em seu
artigo 2°, parágrafo único. Ainda, por a autorização para corte nesses casos,
configurar atividade administrativa, competência do município, conforme artigo
23 VI e VII da Constituição Federal e adequada interpretação do princípio
federalista segundo o qual nada será exercido por um poder superior quando se
possa ser cumprido pelo poder inferior.
Entendimento este também compartilhado
inicialmente por uma pessoa que trabalha no IEF, que se identificou como Leonardo,
do escritório regional de Uberlândia, para onde fomos direcionados após várias
ligações telefônicas, ao nos informar sobre os procedimentos necessários para a
aquisição de uma autorização para corte de árvores em perímetro urbano.
Já quando informamos a ele
sobre o fato ocorrido em Campina Verde, ele solicitou o numero do documento dizendo
que iria analisar, retornando posteriormente a ligação telefônica, alegando que
seria necessário acessar o sistema de informática do órgão para verificar de
onde e porque foi expedida a autorização, dizendo ainda que a pessoa que possui
acesso ao sistema de informática estaria de férias, o que não seria possível
naquela ocasião.
Portanto, estamos aguardando
maiores informações, bem como aguardando também atitudes dos órgãos competentes,
já que na ocasião devida não vislumbramos nenhuma, ou seja, se quem possui
competência para autorizar o corte de uma árvore situada em área urbana é
sempre o órgão ambiental municipal, porque não impediu a derrubada? Fica a
dúvida, quem expediu a autorização no IEF não conhece as suas atribuições? E o
CODEMA? Também não?
Não se trata de discurso de
ambientalista, é apenas a opinião de quem está atento para este fato e
preocupado com a derrubada em grande escala de árvores em Campina Verde, mesmo quando
isso vem sendo feito a “conta gotas”, talvez para não assustar ou alardear a população
que anda pra lá de distraída ou sem tempo para observar que as aos poucos, dia
a dia, as árvores da cidade estão sendo decepadas, com ou sem autorização.
Tomara que este quadro mude
num curto espaço de tempo para o bem de toda população. Que os discursos só
venham a ser proferidos em defesa do meio ambiente por quem realmente entenda
do assunto e que seja capaz de colocar em prática suas palavras, para que elas
não sejam simplesmente lançadas ao vento para projetar – quem sabe – as pessoas
que as proferem.
A constatação é triste. Para
piorar, alegam variações climáticas intensas que vem acontecendo ultimamente,
como o excesso de chuvas que vem caindo, causando inúmeros danos em vias
públicas. Mas, ao se queixarem as pessoas se esquecem de que o corte de árvores
indiscriminado pelas ruas da cidade também contribui para a ocorrência de
fenômenos naturais impossíveis de serem controlados pelo homem.
É nessa hora que qualquer um
que se julga “poderoso” ao autorizar, ou mesmo fazer “vista grossa” a derrubada
de uma árvore deveria notar que, na verdade, não detém poder algum frente à
força implacável da natureza, que cobra um preço muito alto pelas ações cometidas
contra ela.
O alerta dos atos
indiscriminados do homem contra a natureza vem sendo feito há muito tempo, mas
infelizmente são descartados por aqueles que deveriam tomar a frente na defesa
do meio ambiente.
A preocupação com o meio
ambiente já vem de longa data, mas ao que parece, a maioria finge que ouve,
finge que está fazendo a sua parte no que diz respeito à preservação ambiental,
mas... sempre tem um mas, a natureza não finge. Ela é implacável e cobra muito
caro pelos abusos cometidos pelo homem. Olha que a derrubada de uma simples
árvore em uma das ruas ou praças de Campina Verde, como vem acontecendo
ultimamente a “conta gotas” será cobrada. Podem acreditar nisso. A natureza não
perdoará e muito menos deixará que esta quota vá parar na dívida ativa do
município. Para a natureza, a cobrança pelo descaso é fatura liquidada.
Ah...ainda em tempo. Além do CODEMA, o município também possui uma Secretaria
de Meio Ambiente? Onde estás a sua atuação?
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