Cai a prevenção contra
o câncer em Minas Gerais
Apenas 308 municípios mineiros cumpriram a
meta em 2011 na realização do exame de Papanicolau, que previne o tumor no colo
do útero, o mais comum depois do de mama.
A principal estratégia para
prevenir o câncer de colo de útero, o exame de papanicolau, revela dados
preocupantes em Minas. Nos últimos cinco anos, houve uma redução de quase 40%
no total de cidades que descumpriram a meta de realização do teste preventivo.
Segundo dados da Secretaria de
Estado de Saúde, 308 municípios mineiros terminaram 2011 com a marca de pelo
menos 30% da população feminina na faixa etária dos 25 aos 59 anos - índice
recomendado pelo Ministério da Saúde - atendida pelo exame de papanicolau no
Sistema Único de Saúde (SUS). O número é 37,5% inferior ao registrado em 2007,
quando 495 cidades bateram a meta no estado. Se somados os índices de todos os
municípios, Minas também fica abaixo da meta na realização do teste, com apenas
23% de cobertura no sistema público, no ano passado.
Apesar do cenário preocupante,
o estado registra, em números absolutos, avanços na prevenção ao câncer de colo
de útero. Em 2011, Minas quebrou o recorde de exames na faixa etária dos 25 aos
59 anos, com 1.018.091 testes feitos. Com isso, atingiu a maior marca de
prevenção da história do estado, passando de 14% de cobertura em 2000 para 23%
no ano passado. "Nunca tivemos um número tão expressivo de exames
realizados, mas ainda não cumprimos as metas. Os avanços são resultado do
incentivo financeiro às equipes do Programa Saúde da Família (PSF) em ações de
prevenção ao câncer. Mas os dados mostram que cada gestor municipal tem um
papel fundamental nessa luta e precisamos mudar a cultura do papanicolau",
explica o coordenador do programa de controle do câncer de colo uterino da
Secretaria de Estado de Saúde, Sérgio Martins Bicalho.
O exame gratuito, feito de
maneira simples e indolor em unidades de saúde da rede pública, é capaz de
detectar alterações nas células do colo do útero e ainda identificar a presença
do papilomavírus humano, o HPV, presente em mais de 90% dos casos de câncer no
órgão. Segundo o Ministério da Saúde, o tumor de colo de útero é o segundo mais
frequente na população feminina, atrás apenas do câncer de mama, e a quarta
causa de morte de mulheres por câncer no Brasil. Por ano, surgem 18.430 casos e
4,8 mil mulheres morrem em decorrência da doença. Em Minas, a estimativa da
Secretaria de Saúde é de que, em 2012, sejam diagnosticados 1.360 pacientes.
Capital - A baixa realização
do papanicolau também é realidade na capital. No ano passado, apenas 13% da
população feminina com idade entre 25 e 59 anos foi submetida ao teste, o que
corresponde a 81.827 exames realizados na rede pública. A Secretaria Municipal
de Saúde se defende com a alegação de que pode haver distorções no cálculo da
meta em BH e que seria alto o número de exames feitos por meio de convênios
médicos particulares. "A média é estipulada para a rede pública de saúde,
considerando que de 20 a 25% da população seja atendida na rede suplementar
(planos de saúde). Em BH, acredito que há uma distorção, pois 51% das mulheres
aderiram aos convênios privados, o que induz a subnotificação. Para conhecermos
o dado exato, a rede suplementar teria que alimentar o banco de dados nacional,
o que não ocorre atualmente", diz a subsecretária municipal de Saúde,
Susana Rates.
O bom e o mau exemplo - O
melhor exemplo de prevenção ao câncer de colo de útero em Minas está na cidade
de Grupiara, no Alto Paranaíba, a 600 quilômetros de Belo Horizonte. Com 1,4
mil habitantes, o município realizou, no ano passado, 241 exames de
papanicolau, ficando mais de 150% acima da meta de 96 testes esperados pelo
Ministério da Saúde. Já a pior realidade, segundo a Secretaria de Estado de
Saúde, está em Campina Verde, no Triângulo Mineiro, onde foram feitos apenas
cinco dos 1.236 exames estipulados na meta, o que equivale a 0,4%.
A mobilização que traz bons
resultados em Grupiara também retirou de cena o câncer de colo de útero. Segundo
a Secretaria Municipal de Saúde, não houve registros de novos casos da doença
nos últimos quatro anos. "Capacitamos os agentes que visitam diariamente
as famílias para que todos tenham consciência da importância do exame. Além
disso, investimos em eventos voltados para a saúde da mulher, pois assim elas
também aprendem a se cuidar melhor. A cidade também ainda tem um rígido
cronograma de atividades para que todas as metas de saúde sejam
cumpridas", explica a secretária Joana Pereira de Oliveira.
Em Campina Verde, os dados da
Secretaria de Estado de Saúde são contestados pela prefeitura. O prefeito
Reinaldo Assunção Tannus garante que "as estatísticas estão
equivocadas" e a secretária municipal de Saúde, Juçania Ferreira, explica
que os exames de papanicolau são feitos numa cidade paulista. "Pertencemos
à Gerência Regional de Saúde de Ituiutaba e a cidade mais próxima para fazer o
teste seria Capinópolis. No entanto, temos carros da prefeitura indo
diariamente para Barretos (SP) e encaminhamos os exames para lá. Além da
agilidade nos resultados, temos contato com hospitais de Barretos para que eles
acolham nossas pacientes, caso o teste dê positivo", explicou a secretária.
Fonte: Jornal Estado de Minas
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