quarta-feira, 18 de abril de 2012


Cai a prevenção contra o câncer em Minas Gerais
Apenas 308 municípios mineiros cumpriram a meta em 2011 na realização do exame de Papanicolau, que previne o tumor no colo do útero, o mais comum depois do de mama.

A principal estratégia para prevenir o câncer de colo de útero, o exame de papanicolau, revela dados preocupantes em Minas. Nos últimos cinco anos, houve uma redução de quase 40% no total de cidades que descumpriram a meta de realização do teste preventivo.
Segundo dados da Secretaria de Estado de Saúde, 308 municípios mineiros terminaram 2011 com a marca de pelo menos 30% da população feminina na faixa etária dos 25 aos 59 anos - índice recomendado pelo Ministério da Saúde - atendida pelo exame de papanicolau no Sistema Único de Saúde (SUS). O número é 37,5% inferior ao registrado em 2007, quando 495 cidades bateram a meta no estado. Se somados os índices de todos os municípios, Minas também fica abaixo da meta na realização do teste, com apenas 23% de cobertura no sistema público, no ano passado.
Apesar do cenário preocupante, o estado registra, em números absolutos, avanços na prevenção ao câncer de colo de útero. Em 2011, Minas quebrou o recorde de exames na faixa etária dos 25 aos 59 anos, com 1.018.091 testes feitos. Com isso, atingiu a maior marca de prevenção da história do estado, passando de 14% de cobertura em 2000 para 23% no ano passado. "Nunca tivemos um número tão expressivo de exames realizados, mas ainda não cumprimos as metas. Os avanços são resultado do incentivo financeiro às equipes do Programa Saúde da Família (PSF) em ações de prevenção ao câncer. Mas os dados mostram que cada gestor municipal tem um papel fundamental nessa luta e precisamos mudar a cultura do papanicolau", explica o coordenador do programa de controle do câncer de colo uterino da Secretaria de Estado de Saúde, Sérgio Martins Bicalho.
O exame gratuito, feito de maneira simples e indolor em unidades de saúde da rede pública, é capaz de detectar alterações nas células do colo do útero e ainda identificar a presença do papilomavírus humano, o HPV, presente em mais de 90% dos casos de câncer no órgão. Segundo o Ministério da Saúde, o tumor de colo de útero é o segundo mais frequente na população feminina, atrás apenas do câncer de mama, e a quarta causa de morte de mulheres por câncer no Brasil. Por ano, surgem 18.430 casos e 4,8 mil mulheres morrem em decorrência da doença. Em Minas, a estimativa da Secretaria de Saúde é de que, em 2012, sejam diagnosticados 1.360 pacientes.
Capital - A baixa realização do papanicolau também é realidade na capital. No ano passado, apenas 13% da população feminina com idade entre 25 e 59 anos foi submetida ao teste, o que corresponde a 81.827 exames realizados na rede pública. A Secretaria Municipal de Saúde se defende com a alegação de que pode haver distorções no cálculo da meta em BH e que seria alto o número de exames feitos por meio de convênios médicos particulares. "A média é estipulada para a rede pública de saúde, considerando que de 20 a 25% da população seja atendida na rede suplementar (planos de saúde). Em BH, acredito que há uma distorção, pois 51% das mulheres aderiram aos convênios privados, o que induz a subnotificação. Para conhecermos o dado exato, a rede suplementar teria que alimentar o banco de dados nacional, o que não ocorre atualmente", diz a subsecretária municipal de Saúde, Susana Rates.
O bom e o mau exemplo - O melhor exemplo de prevenção ao câncer de colo de útero em Minas está na cidade de Grupiara, no Alto Paranaíba, a 600 quilômetros de Belo Horizonte. Com 1,4 mil habitantes, o município realizou, no ano passado, 241 exames de papanicolau, ficando mais de 150% acima da meta de 96 testes esperados pelo Ministério da Saúde. Já a pior realidade, segundo a Secretaria de Estado de Saúde, está em Campina Verde, no Triângulo Mineiro, onde foram feitos apenas cinco dos 1.236 exames estipulados na meta, o que equivale a 0,4%.
A mobilização que traz bons resultados em Grupiara também retirou de cena o câncer de colo de útero. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, não houve registros de novos casos da doença nos últimos quatro anos. "Capacitamos os agentes que visitam diariamente as famílias para que todos tenham consciência da importância do exame. Além disso, investimos em eventos voltados para a saúde da mulher, pois assim elas também aprendem a se cuidar melhor. A cidade também ainda tem um rígido cronograma de atividades para que todas as metas de saúde sejam cumpridas", explica a secretária Joana Pereira de Oliveira.
Em Campina Verde, os dados da Secretaria de Estado de Saúde são contestados pela prefeitura. O prefeito Reinaldo Assunção Tannus garante que "as estatísticas estão equivocadas" e a secretária municipal de Saúde, Juçania Ferreira, explica que os exames de papanicolau são feitos numa cidade paulista. "Pertencemos à Gerência Regional de Saúde de Ituiutaba e a cidade mais próxima para fazer o teste seria Capinópolis. No entanto, temos carros da prefeitura indo diariamente para Barretos (SP) e encaminhamos os exames para lá. Além da agilidade nos resultados, temos contato com hospitais de Barretos para que eles acolham nossas pacientes, caso o teste dê positivo", explicou a secretária.
Fonte: Jornal Estado de Minas



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