Chacina em Doverlândia-GO:
Polícia já sabe como as vítimas foram mortas
Campinaverdense foi uma das vitimas da chacina
Além do
fazendeiro Lázaro de Oliveira Costa, foram mortos seu filho, Leopoldo Rocha
Costa (na foto acima - ambos de Frutal-MG), e o vaqueiro Eli Francisco da Silva, funcionário da
fazenda (Campina Verde).
As outras
quatro vítimas, Miracy e Joaquim Manoel Carneiro, o filho do casal, Adriano, e
a namorada dele, Tames Mendes da Silva eram amigos do fazendeiro e foram ao
local para fazer uma visita.
Todos os
corpos foram encontrados com cortes no pescoço que, segundo a polícia, chegavam
quase à coluna das vítimas.
Na
segunda-feira (30), a polícia prendeu Aparecido Souza Alves em flagrante. Ele
tinha o tênis sujo de sangue e, com ele, foram encontrados um celular e uma
carabina que pertenciam às vítimas...
Em
depoimento à polícia, Aparecido disse que cometeu o crime depois de ter sido
contratado por "Alcides do Supermercado", sogro de Leopoldo.
Alcides prometeu R$ 50 mil e adiantou R$ 700
em troca do assassinato da família do fazendeiro, segundo Aparecido.
Também
foram contratados para ajudar a executar o crime Celio Juno Costa da Silva,
sobrinho do fazendeiro assassinado, e um pistoleiro identificado como José de
Ribeirãozinho, sempre de acordo com o depoimento de Aparecido.
Os quatro
tiveram a prisão preventiva decretada pelo juiz de plantão da comarca de
Caiapônia.
Celio e
Alcides foram presos enquanto participavam do velório das vítimas, em Frutal
(MG). Ambos foram levados para Goiânia e foram ouvidos pela polícia no início
da tarde de terça-feira.
A
principal hipótese é que o crime ocorreu por questões "materiais",
possivelmente ligadas à propriedade, segundo a delegada-geral da Polícia Civil
de Goiás, Adriana Accorsi.
Ação - A chacina aconteceu por volta das 20 horas na fazenda
de propriedade de Lázaro, localizada a 43 km de Doverlândia. O primeiro a ser morto foi o dono da fazenda, Lázaro
Oliveira, que estaria em um alpendre, em frente à casa, sede da fazenda, onde
uma caminhonete estava estacionada. “Ele recebeu uma ou duas perfurações no
peito antes de ser esfaqueado profundamente no pescoço. A força da facada foi
tão grande que só parou por conta da coluna, que não foi cortada, se não seria
decapitado”, disse o delegado Antônio Gonçalves. A vítima foi arrastada e
levada para um banheiro, onde foi trancado.
O filho do
fazendeiro, Leopoldo Rocha, teria sido o segundo morto. O jovem de 22 anos
estava dentro em um cômodo quando foi surpreendido pelo assassino com um corte
profundo na garganta. Conforme o perito criminalista Fabiano de Paula, o sangue
espirrou na parede por uma altura de um metro e meio.
Joaquim Manoel e
a esposa dele, Miraci Alves, além da nora dos dois, Tames Marques, foram mortos
da mesma forma, com golpes de facada profunda. Os corpos do casal teriam sido
arrastados um para próximo do outro. O cadáver de Tames foi encontrado somente
com uma camiseta levantada acima dos seios. Há a suspeita de que ela tenha sido
estuprada antes de ser assassinada.
Os corpos de
Adriano Alves, noivo de Tames e do vaqueiro Heli Francisco, foram encontrados a
cerca de 300 metros de onde os pais de Adriano foram deixados. “Acredito que
Adriano foi a vítima que mais sofreu, por ter demorado mais a morrer. Havia
muita espuma no pescoço, o que indica a demora e a luta em busca da
respiração”, descreve o agente Walter.
O delegado
Vinicius Batista conta que todas as vítimas foram arrastadas e que nenhuma
morreu onde foi achada pelos policiais que atenderam a ocorrência. Ele ainda
informa que a casa sede da fazenda foi lavada com água, pelos bandidos, na
intenção de ocultar algumas provas da participação. “Mas fizeram tudo muito mal
feito. Eles beberam água na casa e sujou copo com sangue, o que registrou
impressões digitais. Recolhemos cabos de rodos, baldes, maçanetas e outros
objetos com manchas de sangue, que podem ter impressões digitais”, informa.
Delegada diz que suspeito de chacina em Doverlândia é
'frio'
“Ele é muito frio, quando descreve os atos
que praticou”, é o que diz a delegada-geral de Goiás, Adriana Accorsi, sobre o
principal suspeito de ter cometido a chacina em uma fazenda próxima ao
município de Doverlândia , no sudoeste de Goiás. Segundo ela, o jovem
de 22 anos, que confessou o crime, se mostra bem tranquilo durante os
interrogatórios: “Em nenhum momento que ele relata, ele demonstra qualquer
preocupação com o sentimento e o sofrimento dessas pessoas. Ele não tem remorso
e não mostra arrependimento nenhum, pelo contrário, é uma pessoa extremamente fria, que não demonstra nenhum remorso, mas, ao mesmo tempo, sentimos que ele nutre um sentimento de ódio, de ressentimento pela família da primeira vítima", detalha a delegada.
Adriana conta que, ao reviver os fatos, o suspeito não demostrou nenhuma emoção ou arrependimento. “Ele vai contando calmamente, como se estivesse, inclusive, se divertindo com a atenção”, relata.
Sobre a motivação do crime, a delegada afirmou que ele já apresentou diferentes versões. “O que sabemos é que ele tinha um ressentimento dessa família e tinha também o interesse financeiro”, informou Adriana.
Jovem, de 23 anos, confessa mortes e estupro
Depoimento - Sem demonstrar qualquer
sinal de arrependimento ou de remorso, Aparecido Souza Alves, de 23 anos (foto acima),
confessou que foi ele o autor das sete mortes ocorridas na Fazenda Nossa
Senhora Aparecida, a 45 quilômetros de Doverlândia. Ele jogou cada uma das
vítimas já rendidas por seus comparsas no chão, as segurou pelos cabelos e
cortou-lhes o pescoço com uma faca até atingir a coluna, quase arrancando as
cabeças, o que é tecnicamente chamado de esgorjamento.
Além desta atrocidade, ele
confessou que depois de matar o dono da fazenda Lázaro Oliveira Costa, de 57, e
o filho dele, Leopoldo Rocha da Costa, de 22; o caseiro Heli Francisco da
Silva, de 44; o casal Joaquim Manuel Carneiro, de 61, e Miraci Alves de
Oliveira, de 65; e o filho deles, Adriano Alves Carneiro, 22, teria matado por
último a noiva de Adriano, Tâmis Marques Mendes da Silva, de 24.
Ele disse que antes de
matá-la como os demais, a estuprou. Tâmis, o noivo e os pais dele foram
confundidos por Aparecido e o grupo como os demais integrantes da família de
Lázaro. Eles chegaram à fazenda no fim da tarde, em um Uno, foram rendidos e
mortos. Os corpos foram deixados no pasto.
Segundo Aparecido contou
para a polícia, a ordem era matar toda a família. Para isso, receberia R$ 50
mil. A mulher de Lázaro, Joana, que estava em São Luís dos Montes Belos; e a
filha deles, Luana, que é casada e mora em Doverlândia, também seriam mortas.
“Ele confundiu-se com a chegada dos vizinhos à
fazenda e os matou”, contou a delegada-geral da Polícia Civil, Adriana Accorsi,
que esteve ontem novamente em Doverlândia, com Aparecido. Ele mostrou onde
havia jogado a faca usada na chacina, mas a arma não foi encontrada. “É uma
área muito grande e quando ele jogou a faca, estava de noite. Não soube dizer o
local exato, mas encontramos a bolsa de Miraci, com documentos e uma receita
médica. Não temos nenhuma dúvida da participação de Aparecido na chacina”,
contou.
Ela explicou que apesar de
Aparecido mudar por várias vezes as versões do fato, ele sempre afirma que foi
ele que matou as vítimas. “Ele sempre acrescenta uma ou outra informação, o que
é até normal.”
Adriana Accorsi, o delegado Antônio Gonçalves,
da Diretoria de Polícia Judiciária da Polícia Civil, e o delegado do caso,
Vinícius Batista da Silva, estiveram ontem na fazenda de Lázaro e em outras dez
propriedades vizinhas em busca de provas e de outros suspeitos do crime.
Reconstituição - Hoje (03/05), a partir das 10 horas, as Polícias
Civil e Técnico-Científica fizeram a reconstituição do crime na fazenda. Até a
noite de ontem, seis suspeitos já estavam identificados. Dois deles são o
futuro sogro de Leopoldo e um primo da vítima que foram presos no domingo, em
Frutal (MG), durante o velório das vítimas. Eles foram apontados por Aparecido
como mentores do crime. “Não temos certeza da participação deles ainda.”
Um irmão de Aparecido, de 22
anos, e um colega dele, ambos soldados do Exército, foram detidos ontem cedo em
um campo de treinamento do Exército em Jataí e foram levados para Goiânia,
onde foram ouvidos como suspeitos de participar da chacina.
Os dois foram levados de carro por uma equipe
do Exército e ficariam sob custódia na Brigada de Operações Especiais do
Exército, em Goiânia. Outro rapaz detido em um assentamento ao lado da fazenda
das vítimas também foi levado para Goiânia em um carro da Polícia Civil e está
na Delegacia de Homicídios, onde também deve ser ouvido. Como a participação
dos cinco ainda não foi comprovada pela Polícia Civil, os nomes ainda não serão
divulgados.
Adriana Accorsi disse que de acordo com a
Polícia Técnico-Científica (PTC) não haveria possibilidade de Aparecido ter
cometido o crime sozinho, mesmo rendendo as vítimas com o uso do revólver
apreendido na casa de uma tia dele na manhã de terça-feira.
Seriam preciso pelo menos mais uma ou duas
pessoas, segundo a perícia, para render e manter as vítimas subjugadas. “Uma
viu a outra ser morta, já que Aparecido confessou que foi ele quem as executou.”
A delegada acredita que as execuções possam ter
sido feitas por apenas uma pessoa, já que todas foram executadas da mesma
forma, por esgorjamento, conforme o próprio Aparecido confessou.
Ela explicou que para entender a dinâmica dos
fatos e para esclarecer se Tâmis foi realmente abusada sexualmente como afirmou
Aparecido, a Polícia Civil depende de laudos da PTC. “Apesar disso tudo, nossa
investigação está bem avançada e logo terá um desfecho.”
Adriana Accorsi revelou que
na casa sede da fazenda há indícios de que os autores lavaram o chão da sala e
da área externa, onde Lázaro e Leopoldo foram mortos. Esta seria uma forma dos
autores não chamarem a atenção dos demais familiares quando eles chegassem à
casa, onde também, conforme os planos iniciais, seriam mortos. “A perícia vai
confirmar se os cômodos foram lavados ou não.”
Fonte: TV Canal7/Araguaia Digital/ Jornal O Popular-GO