Campina
Verde – Candidatos
participam de debate
Os
dois candidatos ao cargo de prefeito em Campina Verde, acompanhados de seus
respectivos candidatos a vice-prefeito participaram de debate, no último dia
20.
O
evento que foi uma realização da imprensa local, com a parceria do pároco,
Padre Marcus Alexandre Mendes aconteceu no Centro Pastoral João Paulo II e foi
transmitido ao vivo pelas emissoras de rádios e sites da cidade.
A
abertura do debate foi feita pelo pároco, Padre Marcus Alexandre que falou
sobre a importância do evento, conclamando os participantes para se
concentrarem em assuntos de real interesse da comunidade.
Após a abertura feita
por Padre Marcus Alexandre teve início o debate, sob a mediação do jornalista William
Batista. Fradique Gurita da Silva (PSDB) e Reinaldo Assunção Tannús (PP) foram
sorteadas perguntas sobre temas de interesse do município, ao longo de cinco
blocos.
Ainda
por determinação de sorteio, o primeiro a se manifestar foi o candidato
Reinaldo Tannús e o primeiro tema abordado foi sobre Meio Ambiente, seguido
pelos temas “Emprego e Renda, Educação, Segurança, Habitação e
Infra-estrutura”.
Após
o debate, o Jornal Notícias da Região com o objetivo de não emitir opinião
sobre os pronunciamentos dos candidatos, solicitou a colaboração do pároco,
Padre Marcus Alexandre Mendes para que fizesse a análise do evento:
Jornal Notícias da Região – Padre Marcus, ao
fazer a abertura do debate você citou uma mensagem do Bispo Católico, Dom Hélder
Câmara que diz o seguinte: “Pelo amor de Deus, guardem todos, no tocante à
política partidária, a justa medida de interesse real pela vida pública, pelo
bem comum (inclusive melhoria dos partidos), mas sem jamais deixar que o sangue
ferva, que a cabeça vire e que se infiltre ódio em nossos corações” e a seguir
falou sobre a importância do debate pedindo coerência e que não houvesse
enfrentamento pessoal ou enfrentamento de grupos.
Padre Marcus Alexandre – Sim. Com estas
palavras foi dado início ao debate político com os candidatos à Prefeitura
Municipal de Campina Verde, no dia 20 de setembro. A expressão do Santo Bispo
de Olinda e Recife mostra a tônica que se quis dar a este debate, espaço tão
oportuno para o embate de ideias e para a discussão sobre os grandes temas e
sobre as questões emergentes de nossa cidade.
O
interesse da Comissão Organizadora não foi, de modo nenhum, orientar indecisos
ou manipular ideias e pensamentos em vista deste ou daquele candidato. Ao
contrário, a ideia-base de todo o processo do debate e dele em si foi o
favorecimento do discernimento político, a clareza quanto às ideias de cada um
e a divulgação de projetos e propostas. Tudo isso em vista do “interesse real
pela vida pública, pelo bem comum”, sem devaneios ideológicos nem paixões
incontidas. No nascedouro da ideia do debate, estava presente o interesse
máximo pelo bem de Campina Verde e o desejo mais que explícito de favorecer os
cidadãos, oportunizando lhes um espaço adulto, maduro, sensato e honesto para o
debate e a discussão de ideias.
Até
que ponto este plano de intenções foi cumprido? Pergunta que nos cabe responder
alguns dias depois, após deixar a “poeira abaixar” e permitir à consciência uma
análise mais límpida e descomprometida com interesses pessoais, grupais e
partidários.
O
primeiro grande ponto a ser ressaltado foi o show de democracia. Colocar em
torno de uma mesa candidatos opostos, representantes legítimos de partidos que
há décadas disputam o poder constituído, foi, sem dúvida alguma, um grande
passo na história de Campina Verde. Provou-se que é possível discutir, apesar
da troca de ofensas e de palavras por vezes duras demais. Provou-se que a
cidade pode, de forma adulta e honesta, discutir seus problemas, partilhar suas
dores, debater suas questões preponderantes. Não seria esta até uma boa dica
para a Câmara dos Vereadores? Para a atual e a futura? Não seria a Câmara um
espaço oportuno para discussões mais calorosas e pontuais, sobre problemas
sérios que estão corroendo a cidade e minando suas forças vivas? Nós, o povo de
Campina Verde, no debate representado pelas instituições, associações e
entidades da cidade, demos a prova de que é possível tal debate, tal discussão.
O que agora se torna urgente é que o poder constituído – e aqui nada melhor do
que a Câmara – possa abrir e criar novos espaços para este tipo de debate.
Temas como drogas e segurança pública, pobreza e geração de renda, conflitos
agrários e latifúndios seriam alguns dos muitos temas que poderiam ser
discutidos amplamente por aqueles e aquelas que querem ver Campina Verde cada
vez melhor.
Além
desse aspecto democrático e participativo, é preciso ressaltar o interesse com
que grande parte da cidade acompanhou o debate e seus desdobramentos. Os
telefones da Comissão Organizadora não pararam de tocar nos dias, chamados por
pessoas que queriam convite de todo jeito. No próprio dia, muitos grupos se
reuniram para escutar e acompanhar. Na cidade e na zona rural, muitíssimas
pessoas estavam atentas. E nos dias seguintes (e eu fui testemunha disso) o
comentário era um só: o debate dos prefeitos. Nesta expectativa e interesse
popular, uma intenção clara a ser cultivada. O povo, ou grande parte das
pessoas, quer uma política melhor, mais autêntica e menos interesseira, mais
promissora em vista de uma cidade melhor e menos centrada em interesses e
conveniências subjetivas.
Mas
nem tudo são flores. Alguns fatos também nos mostraram que ainda temos muito
que caminhar, muito que crescer e aprender no jogo político. Para citar algumas
coisas apenas, não podemos deixar de falar do uso que foi feito do debate.
Ambos os lados aproveitaram para dizer que o seu candidato ganhou o debate,
transmitindo direta ou indiretamente a ideia de que a mesa julgadora, composta
por juízes e advogados, estava lá para avaliar o desempenho de cada candidato,
dando-lhes uma nota final. O que não é verdade. A mesa de autoridades ali
estava para julgar possíveis ofensas ou desacatos. Uso impróprio como este não
ajuda em nada o debate político. Apenas camufla a realidade em vista de
benefício pessoal.
Sem
contar ofensas e acusações, cuja gravidade é tão clara que não nem precisamos
gastar linhas aqui, podemos citar também a insistência na comparação de
mandatos e naquilo que foi feito. Ora, Campina Verde não está vivendo de seu
passado. Se muito já foi feito, pela atual e pela anterior administração, ao
povo interessa saber projetos a partir de 2013. A insistência no que já foi
feito e a insistência ainda maior naquilo que o partido contrário não fez em
nada acrescentam ao progresso e ao desenvolvimento de Campina Verde. Penso,
seriamente, que algumas questões não foram devidamente respondidas, apesar de
sua importância. Questões como segurança pública em relação ao aumento
progressivo e agressivo das drogas no município, criminalização da juventude e
descaso com a educação, pobreza e miséria na periferia da cidade, geração de
empregos e possibilidades de estudo superior na própria cidade, dentre outros
assuntos, ou não foram discutidos ou foram citados muito paralelamente, sem a
discussão e o aprofundamento necessários. Veremos este aprofundamento nos
comícios? Ou o encontraremos nos projetos de governo? Não sei bem...
De
todo jeito, apesar dessas lacunas, que poderíamos chamar de lacunas políticas,
que tocam a essência da política de Campina Verde, o debate político foi, de
fato, um momento único e muito enriquecedor. Cabe a todos os organizadores a
nossa verdadeira gratidão pelo esforço e pelas barreiras vencidas. Cabe ao povo
o aplauso pelo interesse e pela participação.
E
aos candidatos à Prefeitura Municipal, na reta final desta campanha, cabe-lhes
aquilo que o povo tanto espera: mais clareza quanto aos projetos, mais verdade
nos discursos, mais prontidão e coragem para merecerem nosso voto, esta força
tão grande que temos para provocar e iniciar a transformação da sociedade no
mundo novo possível e tão desejado por todos.