quinta-feira, 9 de agosto de 2012


Morre o músico campina-verdense José da Conceição
Instrumentista que tocou com Elis Regina, Zimbo Trio e Elza Soares morreu aos 69 anos, em Ribeirão Preto-SP

Morreu na manhã de ontem (08/08), o músico e instrumentista José da Conceição Silva, o Zé Conceição – aos 69 anos, no Hospital das Clínicas em Ribeirão Preto/SP, onde estava internado com problemas no intestino.
Natural de Campina Verde, ele morou em Araraquara por 20 anos, nos anos 70, 80 e 90, mudou-se depois para Ribeirão Preto, onde vivia havia 20 anos. 
A Secretaria da Cultura de Araraquara e a Fundação de Arte e Cultura de Araraquara (Fundart) divulgaram nota oficial na tarde de ontem lamentando a morte do músico.
Reconhecimento – Desde o ano passado o violonista enfrentava uma série de problemas de saúde, que começaram com dores na coluna responsáveis por deixarem-no prostrado na cama. Impossibilitado de trabalhar, contou com a ajuda de músicos que, pelas redes sociais, conseguiram arrecadar verba para medicamentos e fisioterapia. Do ano passado para cá, o músico tentou se restabelecer em casa, porém sem sucesso e, pior, sem tocar o instrumento que tanto amava.
"Acredito muito que tudo tem sua hora e a dele foi hoje. Teve muito bom atendimento médico, porém, não deu bem para se recuperar", disse a cantora Bia Mestrinér, que trabalhou durante muitos anos com o violonista e coordenou a campanha de arrecadação na internet. De acordo com Bia, era um excelente instrumentista que, preciso no ritmo, envolvia o público.
"O Zé da Conceição foi um dos grandes músicos brasileiros mesmo. Ele enriqueceu por um bom período a música em Ribeirão, pois sempre foi disciplinado musicalmente, sério mesmo", recorda Bia.
Nos 50 anos de carreira, o violonista tocou com grandes nomes da música popular brasileira, como Elis Regina, Zimbo Trio e Elza Soares. Nos últimos anos, antes da doença, apresentava-se principalmente na noite de Ribeirão Preto. Entre as diversas gravações que fez ou das quais participou, destaca-se o álbum solo "Tributo a Dilermando Reis", de 1982.
Bia diz que, apesar de sua importância, o violonista não teve o merecido reconhecimento. Pai de dois filhos e avô de uma menina vivia modestamente no bairro Vila Virgínia. Ela acredita que, se morasse ainda em São Paulo, talvez o amigo estivesse mais em evidência.
Já para o compositor e pesquisador Márcio Coelho, talvez no interior mesmo ele tenha experimentado alguns momentos merecidos de glória. "Ele sempre foi muito respeitado por músicos e pelo público em geral", comenta o músico, que teve contato com o violão de Conceição quando coordenava a área de Música da Secretaria Municipal da Cultura.
Foi Coelho quem criou o projeto "Café da Manhã", no Museu do Café, onde o violonista mostrava todo o seu virtuosismo ao lado do grupo de chorinho Os Roxinóis. "Tive a oportunidade de apreciar, por muitos domingos, sua variação harmônica para peças que tocavam frequentemente. O Zé tocava um violão que eu classificaria como pré-bossa nova impregnado de Baden Powel", informa, referindo-se ao parceiro musical do poeta Vinícius de Moraes.
Para Coelho, mais do que ter acompanhado grandes nomes da MPB, Zé da Conceição lapidou um estilo próprio de interpretação.
O guitarrista Carlinho Machado afirma que Conceição era um velho conhecido da família. "Ele era fantástico e vai fazer muita falta porque, além de um grande músico, era uma grande pessoa", resume.
O corpo de Zé da Conceição foi velado nesta quarta feira, em Ribeirão Preto, e será enterrado nesta quinta-feira (09/08), em Araraquara, onde moram familiares dele.

Um comentário:

  1. Infelizmente os ilustres dessa cidade nao se lembram dela nem mesmo na despedida....Lamentavel.

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