quarta-feira, 1 de junho de 2011

Paleontólogos descobrem crocodilo pré-histórico no município de Campina Verde

 Pesquisador Luiz Carlos Ribeiro mostra crânio do Campinasuchus dinizi, o mais primitivo crocodilo a habitar o País
Ainda empolgados por terem encontrado, na sexta-feira (27), o fêmur de 1,45 metro do maior titanossauro brasileiro já descrito, o Uberabatitan ribeiro, na região de Serra da Galga, às margens da BR-050, entre Uberaba e Uberlândia, no Triângulo Mineiro, paleontólogos compartilham com a comunidade científica mundial, em artigo na revista especializada Zootaxa, um novo animal. Encontrado neste município, o crocodilo Campinasuchus dinizi seria o mais primitivo do grupo de crocos que habitou o Brasil, com cerca de 90 milhões de anos.
A descoberta foi feita em dezembro de 2009, mas só agora vem à tona, devido aos estudos e todo o minucioso processo de descrição de uma nova espécie, ainda mais se tratando de um fóssil tão antigo. A ideia do grupo de pesquisadores é apresentá-lo com pompa e circunstância, inclusive com um filme especial em 3D, em uma inovação tecnológica para a difusão da paleontologia nacional, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que participou ativamente dos trabalhos.
Segundo o paleontólogo e pesquisador da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), Luiz Carlos Borges Ribeiro, o crocodilo foi achado na Fazenda Três Antas, em Honorópolis, distrito de Campina Verde. “O proprietário, Amarildo Queiroz, veio até nós, porque sabia que trabalhávamos com animais pré-históricos, dizendo que havia achado uns ossos estranhos. Fomos até lá e nos deparamos com o que estamos considerando ser um novíssimo sítio paleontológico, o mais novo “Lagerstatten” continental brasileiro. Isso porque ele tem alta concentração de fósseis em bom estado de preservação, materiais completos, articulados e que nos contam detalhes da história biológica da vida durante o Cretáceo Superior”, explica Borges Ribeiro, que integra o grupo de pesquisadores que descreveram o Campinasuchus e é diretor do Centro Llewellyng Ivor Price e do Museu dos Dinossauros do Complexo Científico Cultural de Peirópolis/UFTM, que congrega a extinta Rede Nacional de Paleontologia.
Segundo ele, o ambiente denota uma mortandade em massa de animais, provavelmente advinda de momentos de estresse térmico e total ausência de água em períodos de extrema aridez da bacia. Sob o ponto de vista geológico, Campina Verde integra a Bacia Bauru, formação de aproximadamente 90 milhões de anos. O Campinasuchus dinizi é da família dos baurusuchideos, crocodilos terrestres predadores. O fóssil encontrado neste município, não ultrapassa 1,80 metro, mas há espécies da família encontradas no Brasil, como os Baurusuchus (B. pachecoi; B. salgadoensis; B. albertoi) e o Stratiotosuchus maxhechti, que chegavam a três metros de comprimento.
“Pelo o que conseguimos avaliar, o Campinasuchus era uma animal essencialmente terrestre, comprovado pelos membros longos e retos, olhos laterais, narinas frontais, cauda cilíndrica e curta, o que o tornava mais leve e ágil”, diz. O crocodilo se alimentaria de fragmentos de rochas. Os pesquisadores chegaram a essa conclusão devido à presença de peças na porção abdominal do fóssil, de provável composição alcalina. “A associação dos fósseis a grande quantidade de fragmentos de rochas vulcânicas abre novas perspectivas para a datação dos eventos biológicos e físicos que ocorriam nesse momento nesta região de Minas”, acrescenta o pesquisador. O estudo teve patrocínio da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais e do Rio de Janeiro (Fapemig e Faperj), UFTM, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Henkel.
Fonte: Estado de Minas

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